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quarta-feira, 20 de junho de 2012

1792 - Sans culottes fazem primeira investida contra o regime de Luis XVI

Nova política religiosa suscitava violenta oposição nos centros urbanos e no campo, onde a grande massa dos franceses continuava ligada ao clero

No dia 20 de junho de 1792, o rei Luis XVI se vê confrontado com a primeira jornada revolucionária dos sans culottes parisienses – trabalhadores e artesãos que não possuíam culotes, os calções típicos da nobreza.
O conflito entre o povo parisiense e a monarquia estava apenas começando. Suas causas estavam na nacionalização dos bens da Igreja. A nova política religiosa suscitava violenta oposição nos centros urbanos e no campo, onde a grande massa dos franceses continuava ligada ao clero local.
Durante o verão de 1791, dois deputados, Gallois e Gensonné, avaliam in loco a Vendeia e Choletais e constatam que o fervor quase unânime da Festa da Federação (uma celebração comemorativa do primeiro aniversário da Queda da Bastilha) estava bastante desvanecido. Mesmo com a advertência dos dois parlamentares, a nova Assembleia Nacional legislativa convoca todos os padres refratários a prestar juramento. Desta vez o rei procede com seu veto.
Em 1º de fevereiro de 1792, 400 clérigos que não quiseram prestar juramento foram internados em Angers. A lei de 27 de maio de 1792 ameaça de deportação todos os religiosos refratários. O rei veta a medida novamente e a lei é suspensa. Padres se exilam. Muitos se escondem e continuam a praticar os sacramentos fora das igrejas. Outros, sobem ao cadafalso e são guilhotinados.
Mais além, vêm à tona ainda acontecimentos externos. Em 20 de abril de 1792, o rei e a Assembleia Nacional declaram guerra à Austria que, aliada à Prússia, concentra suas tropas na fronteira. A Assembleia vota um decreto visando a formar um contingente de 20 mil voluntários nos muros da capital para defendê-la. Novamente o rei lança seu veto.
O ministro Roland, um jacobino, dirige-lhe uma carta de admoestação. A carta é rechaçada e o rei constitui um novo ministério, composto unicamente por personalidades do Clube des Feuillants, grupo político de tendência monarquista constitucional que se opunha à destituição do rei Luis XVI. Essa foi a gota d’água para os sans culottes, que se agitam nos clubes revolucionários jacobinos.
Em 20 de junho de 1792, exigem que a Assembleia prive o rei de seu direito de veto para depois investir contra o palácio das Tulherias, onde residia a família real. Desafiam o rei Luis XVI bradando “abaixo o veto!”. Pressionam o monarca a cobrir a cabeça com um barrete vermelho e a beber uma taça de vinho “à saúde do povo”. Todavia, Luis XVI não se deixa desmoralizar e não faz qualquer concessão à multidão, que se retira sem ter obtido nada menos que satisfações simbólicas.
Os espíritos se acaloraram. Em 11 de julho, a Assembleia decreta que “a pátria está em perigo” e mobiliza o país diante da previsão de invasão estrangeira. Abre os escritórios de alistamento para recrutar voluntários e reforça os efetivos do exército.
Os voluntários se alistam com entusiasmo relativo, de acordo com cada região. O leste do país está mais mobilizado do que o oeste. Em Paris, os destacamentos da Guarda Nacional percorrem as ruas ao som de marchas militares, precedidos de um estandarte com a seguinte inscrição: “Cidadãos, a pátria está em perigo”.
Apesar do veto do rei, os deputados tomam a liberdade de autorizar os voluntários dos departamentos de invadir Paris, de modo que os marselheses chegam à capital cantando valentemente o Canto de Guerra do Exércitio do Reno, que seria rebatizado de Marselhesa pelos parisienses.
Em 15 de julho, em Coblença, às margens do Reno, o duque de Brunswick, que comandava o exército prussiano, promete em manifesto escrito “submeter Paris a uma execução militar e a uma subversão total, se a família real sofrer o menor ultraje”.
Contrariamente às suas expectativas, a ameaça desencadeia um assomo patriótico dos franceses
FONTE: Opera Mundi

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