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sexta-feira, 26 de abril de 2013

1994










1994 – Negros e brancos votam juntos na África do Sul

Desafiando ameaças de bomba e a falta de organização, sul-africanos de todas as etnias deram início ao primeiro dos três dias de votação, encerrando com isto três séculos de dominação branca no país. As eleições que levariam o líder negro Nelson Mandela à Presidência, contaram com o voto de 22 milhões de eleitores, que, em sua maioria, votaram durante o segundo dia.

“A África do Sul não está acostumada a fazer eleição para toda a população”, lamentou o diretor de informações do Congresso, ao explicar porquê o primeiro dia das eleições foi tão confuso. Segundo fontes do governo, o grande problema, que frustrou uma parte dos eleitores, foi a falta de logística. Em muitas sessões eleitorais, cédulas e urnas não chegaram em quantidade suficiente para a grande demanda dos votantes, fazendo com que longas filas de espera se formassem, atrasando o processo.

Antes do processo eleitoral, que colocou um ponto final no regime de segregação entre brancos e negros no país, apenas três milhões de pessoas (brancos e mestiços) participavam do processo de escolha dos seus governantes. Conhecido como apartheid, cujo início formal se dera no início do século XX, o regime segregacionista do país instaurou a supremacia branca na África do Sul, na qual os brancos, um quinto da população, tinham direito à posse de mais de 90% das terras, além de acesso à melhor educação, áreas de lazer, saneamento básico, rede de energia, melhores salários e direitos civis. Dentro de sua própria terra, os negros viviam isolados, oprimidos e cerceados.

Em 1990, no entanto, o então presidente F. W. Kerk não conseguiu suportar a agitação popular e a pressão internacional. O parlamento foi aberto à partidos políticos de oposição, que antes tinham sido banidos, e o grande líder revolucionário, Nelson Mandela, que passara mais de 30 anos na prisão, foi libertado. As eleições aconteceram, assim, após quatro anos de transição negociada entre o governo e o partido de Mandela (CNA).

“É um momento inesquecível, a realização de minhas esperanças e sonhos mais profundos”, declarou ele no dia seguinte, em seu colégio eleitoral. Mandela foi eleito e permaneceu no governo até 1999. Hoje, ele se mantém afastado da política, mas permanece envolvido em causas sociais de direitos humanos.

FONTE: JORNAL DO BRASIL

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