A descolonização africana aconteceu, sobretudo, entre 1957 e 1975, em
meio a Guerra Fria, quando as antigas potências coloniais, como a Grã-Bretanha
e a França, estavam perdendo influência e as novas superpotências, os Estados
Unidos e a União Soviética, estavam dividindo o mundo conforme seus interesses
estratégicos e econômicos, inclusive a África.
Somente no ano de 1960, dezessete países se tornaram independentes. A descolonização foi fundamental para dar forma ao continente africano como o mundo conhece hoje. No entanto, a África continua sendo um continente que enfrenta problemas muito graves, como a fome, a miséria, as guerras e a AIDS. O Dia da África é comemorado hoje, 25 de maio, mas, segundo o professor, doutor em História Social e Teologia Dogmática, Karl Heinz Arenz, é necessário mostrar a complexidade ao invés de discursos bonitos que não condizem com a realidade.
'Para ficar somente com os últimos doze meses: o Sudão do Sul conseguiu
sua independência, mas a guerra com o Sudão continua. Na Nigéria, as tensões
entre cristãos e muçulmanos aumentaram, sendo que várias igrejas foram
atacadas. Na Somália – um país que não tem governo – os ataques de piratas aos
grandes navios cargueiros continuam. Em Guiné-Bissau e no Mali houve golpes de
estado liderados por militares. Além disso, no Mali, toda a região norte do
país, habitado em grande parte por tuaregues, se declarou independente com o
nome de Azauad. Este pequeno resumo de eventos recentes mostra o quanto a
África vive situações difíceis', afirma o professor.
Por outro lado, Karl Arenz ressalta que ainda há sinais de esperança. 'A Primavera Árabe, os levantes populares em muitos países de cultura árabe, começaram no norte da África e foi lá que tiveram mais sucesso. Afinal, a Tunísia, a Líbia e o Egito se livraram de seus regimes autoritários. Charles Taylor, um dos responsáveis pelas guerras civis em Serra Leoa e Libéria, também foi condenado pelo Tribunal Internacional em Haia, servindo de sinal que nem todos os crimes passam impunes. Neste sentido, é importante mencionar também que duas mulheres africanas foram contempladas com o Prêmio Nobel da Paz: Ellen Johnson Sirleaf, Presidente da Libéria, e Leymah Gbowee, militante pela paz e a reconciliação no mesmo país. Resumindo, eu diria que há sinais de esperança em meio a situações graves', disse, completando que cada vez mais o Brasil tem razões para celebrar o Dia da África, visto que as relações com os diferentes países do continente são, desde os mandatos de Lula, muito mais intensas.
Assim, o Brasil continua expandindo a sua presença na África em termos diplomáticos e econômicos. O professor buscou explicar o ímpeto de descolonização na África que aconteceu durante o Século XX em seu livro Enfim a liberdade: a descolonização da África, da Editora Estudos Amazônicos. Na obra, Karl Arenz fala sobre as lutas que marcaram e os sonhos que animaram os africanos naquela época, visando aprofundar o porquê dessa 'onda de liberdade', dando ênfase tanto aos contextos mais amplos, como a Guerra Fria e o enfraquecimento das antigas potências coloniais, sobretudo a Inglaterra, França e Portugal, quanto às reivindicações e lutas das populações africanas para conseguirem finalmente a sua independência.
Para tanto, o autor aprofundou o caso de quatro países-chave do continente – Gana, Nigéria, Argélia e Angola –, mostrando assim que não houve um único modo de descolonização. 'A independência conquistada pelos africanos foi algo muito importante, mas também muito complexo. Na verdade, nenhum país da África podia se constituir de maneira democrática a partir da vontade expressa de seus habitantes. Quem fez as fronteiras e quem, muitas vezes, inventou o nome de um país, foram os colonizadores europeus e não os africanos. Por isso, em quase todos os países da África temos um grande número de povos, línguas, religiões e culturas diferentes que, muitas vezes, não se dão muito bem. No início, muitos líderes africanos não sonharam somente com a independência de seu país, mas com a liberdade e a libertação de toda a África. Este sonho parece muito distante, mas, mesmo assim, estamos vendo que a África conseguiu, de certa forma, conformar-se com suas fronteiras artificiais e inspirar, sobretudo nos jovens, um sentimento de pertença à respectiva nação', explica o historiador.
A obra integra uma coleção de livros paradidáticos lançada pela Editora Estudos Amazônicos, que visa oferecer aos estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental um material que aborde a história da Amazônia e do Brasil. Além disso, pretende ajudar alunos e professores a conhecerem melhor os processos que contribuíram na formação da África contemporânea, que conta, atualmente, com um total de 54 nações independentes. De acordo com Karl Arenz, o livro também oferece um conteúdo que atende a Lei 10.639 de 2003, que tornou obrigatório o ensino da Cultura e História Afro-brasileiras e introduziu o dia 20 de novembro como Dia da Consciência Negra no calendário escolar.
Serviço: Enfim a liberdade: a descolonização da África, do Prof. Dr. Karl Heinz Arenz, está à venda na Editora Estudos Amazônicos, localizada na Av. Senador Lemos, 135 – Umarizal. Informações: (91) 3212-7308 / 3349-7308.
FONTE:PORTAL ORM
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