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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Hoje na História, 1933: Nazistas fazem queima de livros de judeus na Alemanha
















Ação, coordenada em diversas cidades do país, foi organizada por associações de estudantes.
Na noite de 10 de maio de 1933, em Berlim, estudantes nazistas acompanharam, brandindo archotes, dois caminhões repletos de livros da Porta de Brandemburgo até a Praça da Ópera.

Ali, a despeito do aguaceiro que caía, descarregam o conteúdo dos caminhões e organizam um “auto-de-fé ritual de textos judeus nefastos”. Vinte mil livros são queimados. Entre os autores de livros atirados à fogueira figuravam Heinrich Heine, Karl Marx, Sigmund Freud, Albert Einstein, Franz Kafka, Stefan Zweig e uma biografia do compositor Felix Mendelssohn-Bartholdy.

Presente na manif1estação, Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do III Reich, denuncia num discurso radiodifundido o “mau espírito do passado” e conclama os estudantes a lutarem para que “o espírito alemão triunfe definitivamente numa Alemanha despertada como nunca”.

Manifestações similares, cuidadosamente planificadas, tiveram lugar no mesmo momento em outras cidades alemãs, com a presença de policiais e bombeiros. Era a culminação de uma campanha de depuração desencadeada nas semanas precedentes nas universidades, contra os professores judeus ou aqueles simplesmeste hostis ao regime nazista. As obras de artistas “degenerados” como Van Gogh, Picasso, Matisse, Cézanne e Chagall, são, de resto, banidas dos museus.

Bücherverbrennung significa em alemão queima de livros. É um termo muitas vezes associado à ação propagandística dos nazistas organizada entre 10 de Maio e 21 de junho de 1933, poucos meses depois da chegada ao poder de Adolf Hitler.
Tudo o que fosse crítico ou desviasse dos padrões impostos pelo regime nazista foi destruído. Centenas de milhares de livros foram queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de estudantes.

A organização deste evento coube às associações de estudantes alemãs NSDStB e Asta, que com grande zelo competiram entre si tentando cada uma provar quem era melhor que a outra. Foram queimados cerca de 20.000 livros, a maioria dos quais pertencentes às bibliotecas públicas, de autores oficialmente tidos como "pouco alemães" (undeutsch).

O poeta nazista Hans Johst foi um dos que justificou a queima, com a "necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã".

Oskar Maria Graf não foi incluído na lista de autores com obras queimadas. Para seu espanto, seus livros não foram banidos e até foram recomendados pelos nazistas. Em resposta, publicou um artigo intitulado "Verbrennt mich! (queimem-me) no jornal de Viena Arbeiter-Zeitung. Em 1934, o seu desejo foi tornado realidade e os seus livros foram também banidos.

A opinião pública e a intelectualidade alemã ofereceram pouca resistência à queima. Editoras e distribuidoras reagiram com oportunismo, enquanto a burguesia tomou distância, passando a responsabilidade aos universitários. Também os outros países acompanharam a destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a queima como resultado do "fanatismo estudantil".

Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram posição estava Thomas Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos. Quando a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn lhe cassou o título de doutor honoris causa, escreveu ao reitor: "Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre minha situação. Se tivesse ficado ou retornado à Alemanha, talvez já estivesse morto. Jamais sonhei que no fim de minha vida seria um emigrante, despojado da nacionalidade, vivendo desta maneira!"

Também Ricarda Huch retirou-se da Academia Prussiana de Artes. Na carta ao presidente, em 9 de abril de 1933, a escritora criticou os ditames culturais do regime nazista. "A centralização, a opressão, os métodos brutais, a difamação dos que pensam diferente, os autoelogios, tudo isso não combina com meu modo de pensar", justificou. Em 1934, a "lista negra" incluía mais de três mil obras proibidas pelos nazistas.

FONTE: ÓPERA MUNDI

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