Baderna é uma palavra exclusiva do português brasileiro que significa confusão, desordem, bagunça. Mas sua origem é bem peculiar: servia para classificar, de maneira pejorativa, os seguidores barulhentos de uma dançarina italiana que causou furor no País. Seu nome? Maria Baderna.
A palavra que hoje define a ausência de regras surgiu no final do século 19, quando uma companhia de dança italiana veio à então capital do Império do Brasil, o Rio de Janeiro. A viagem era uma forma de manifestação contra a perseguição politica: ocupada pela Áustria, a Itália mantinha como forma de protesto entre os revolucionários a decisão de não promover a vida artística enquanto a ocupação durasse.
Parte dessa companhia, a bailarina Marietta Maria Baderna, filha do médico e músico Antônio Baderna, teria buscado o Brasil como exílio em 1849. Talentosa, logo conquistou uma legião de fãs, admiradores tanto de seus passos de dança quanto de seu espírito rebelde e contestador. Inovadora, ela foi alvo de críticas ao introduzir elementos do lundum (dança afrobrasileira praticada por escravos) entre os passos da dança clássica - em meio a uma sociedade conservadora e escravista.
Maria Baderna esteve no Rio de Janeiro em 1851, provocando "um certo frisson", de acordo com o dicionário Houaiss. O termo "baderna" está associado aos seus admiradores, chamados de "os badernas", que entoavam o nome da musa ao final de suas apresentações. O coro era mal visto pela sociedade da época, que associou o barulho e a paixão incontida dos fãs a algo ruim.
FONTE: Terra