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terça-feira, 18 de outubro de 2011

O papel do racismo na construção do capitalismo













O fim da escravidão não significou a fim do racismo, que persiste até hoje
Em termos históricos, o racismo acompanha a sociedade moderna e seu processo de evolução está umbilicalmente ligado às origens do capitalismo.
Os escravos africanos eram item fundamental na pauta de exportação das metrópoles européias, não só como mão de obra compulsória, mas principalmente como item do comércio global da época. Desta forma o escravismo colonial foi indispensável para a economia mercantilista gerando uma acumulação primitiva que financiou a ascensão do capitalismo como modo de produção dominante.
Na fase inicial da colonização européia nas Américas, o índio foi um elemento importante de sua formação, mas logo o negro o substituiu nos grandes empreendimentos coloniais e passou a ser a ser a principal base de seu desenvolvimento. Por isso, a escravização do nativo brasileiro é gradativamente desestimulada pela metrópole e substituída pela escravidão negra.
A introdução do negro como mão-de-obra escrava básica na economia colonial, deve-se principalmente ao tráfico negreiro, atividade altamente rentável, tornando-se uma das principais fontes de acumulação de capitais para metrópole. Exatamente o contrário ocorria com a escravidão indígena, já que os lucros com o comércio dos nativos não chegava até a metrópole e os lucros do tráfico negreiro eram canalizados para o reino.
Desta forma observamos que argumentos tão amplamente utilizados, como inaptidão do índio brasileiro ao trabalho agrícola e sua indolência caem por terra perante a preponderância de fatores econômicos. Foi o tráfico que gerou a escravidão do negro africano, e não ao contrário.
Daí deriva o processo emergência do racismo. No escravismo colonial a divisão de classe era basicamente a divisão de raças e a pregação por parte dos detentores do poder da “inferioridade” biológica, intelectual, moral e espiritual dos negros africanos foi utilizada como justificativa ideológica e moral para legitimar o escravismo.
O fim da escravidão não significou a fim do racismo, que persiste até hoje, já que a justificação ideológica para sua existência também poderia ser empregada para negar aos recém libertos os mínimos direitos como acesso à terra, educação e trabalho.
O racismo serviu como acumulação primitiva de capitais para a formação da sociedade capitalista no passado e hoje serve como justificativa para as desigualdades sociais inerentes ao capitalismo e à formação de um imenso “exército de reserva” constituído basicamente pela população negra excluída.
FONTE: revista africas / Cuca Falcão

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