Os
primeiros navios negreiros foram trazidos pelo português Martim Afonso
de Sousa, em 1532. A contabilidade oficial estima que, entre essa data e 1850,
algo como 5 milhões de escravos negros entraram no Brasil. Porém, alguns
historiadores calculam que pode ter sido o dobro.
- Os navios negreiros que traziam os escravos da
África até o Brasil eram chamados de tumbeiros,
devido à morte de milhares de africanos durante a travessia. Estas
mortes ocorriam devido aos maus-tratos sofridos pelos escravos, pelas más
condições de higiene e por doenças causas pela falta de vitaminas,
como no caso do escorbuto.

- Quando chegava ao Brasil, o africano era chamado
de “peça” e vendido em leilões públicos, como uma boa mercadoria: lustravam
seus dentes, raspavam os seus cabelos, aplicavam óleos para esconder doenças do
corpo e fazer a pele brilhar, assim como eram engordados para garantir um bom
preço.
- Um escravo valia mais quando era homem e adulto.
Um escravo era considerado adulto quando tinha entre 12 e 30 anos. Eles
trabalhavam em média das 6 horas da manhã às 10 da noite, quase sem descanso, e
amadureciam muito rápido. Com 35 anos, já tinham cabelos brancos e bocas
desdentadas.

- A Festa de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira
dos escravos do Brasil colonial, foi realizada pela primeira vez em Olinda
(PE), no ano de 1645. A santa já era cultuada na África, levada pelos
portugueses como forma de cristianizar os negros. Eles eram batizados quando
saíam da África ou quando chegavam ao Brasil.
- Na cidade de Serro (MG), acontece a maior de
todas as festas em homenagem a santa, em julho, desde 1720. De acordo com a
lenda, um dia Nossa Senhora do Rosário saiu do mar. Ao ser chamada por índios,
não se mexeu. O mesmo aconteceu com marinheiros brancos. A santa só atendeu aos
escravos, que tocaram bem forte os seus tambores.
- Crianças brancas e negras andavam nuas e
brincavam até os 5 ou 6 anos anos de idade. Tinham os mesmos jogos,
baseados em personagens fantásticos do folclore africano. Mas aos 7 anos, a
criança negra enfrentava sua condição e precisava começar a trabalhar.
- Cada senhor de engenho tinha autorização para
importar 120 escravos por ano da África. E havia uma lei que estipulava em 50 o
número máximo de chibatadas que um escravo podia levar por dia.
- A cozinha era muito valorizada
na casa-grande. Conquistaram o gosto dos europeus e brasileiros os pratos
de origem africana, como vatapá e caruru, comuns na mesa patriarcal nordestina.
A cozinha ficava num anexo da casa, separada dos cômodos principais por
depósitos ou áreas internas.
- Normalmente, divisões internas da senzala
separavam homens e mulheres. Mas, algumas vezes, era permitido aos poucos
casais aceitos pelo senhor morarem em barracos separados, de pau-a-pique, cobertos
com folhas de bananeira.
- Aos domingos, os escravos tinham direito de
cultivar mandioca e hortaliças para consumo próprio. Podiam, inclusive, vender
o excedente na cidade. A medida combatia a fome do campo, pois
a monocultura de exportação não dava espaço a produtos de
subsistência.
- Quando a noite caia, o som dos batuques e dos
passos de dança dominava a senzala. As festas e outras manifestações
culturais eram admitidas, pois a maioria dos senhores acreditava que isso
diminuia as chances de revolta.
- Com a expansão das cidades, multiplicam-se
escravos urbanos em ofícios especializados, como pedreiros, vendedores de
galinhas, barbeiros e rendeiras. Os carregadores zanzam de um lado a outro,
levando baús, barris, móveis e, claro, brancos.

- Em algumas regiões, os escravos africanos eram
divididos em três categorias: o “boçal”, que recusava falar o português,
resistindo à cultura europeia; o “ladino”, que falava o português; e o
“crioulo”, o escravo que nascia no Brasil. Geralmente, ladinos e crioulos
recebiam melhor tratamento, trabalhos mais brandos e perspectiva de ascenção
social.
- Os negros nunca tiveram uma atitude passiva
diante da escravidão. Muitos quebravam ferramentas de trabalho e colocavam fogo
nas senzalas. Outros cometiam suicídio, muitas vezes comendo terra. Outros,
ainda, entregavam-se ao banzo, grande tristeza que podia levar à morte por
inanição. A forma comum de rebeldia, no entanto, era a fuga.
- Segundo alguns historiadores,
a capoeira nasceu de um ritual angolano chamado n’golo (dança
da zebra), uma competição que os rapazes das aldeias faziam para ver quem
ficaria com a moça que atingisse a idade para casar. Com o tempo, a
prática se transformou em exibição de habilidade e destreza.
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- O berimbau é um instrumento de percussão trazido
da África (mbirimbau). Ele só entrou na história da capoeira no
século XX. Antes, o instrumento era usado pelos vendedores ambulantes para
atrair os clientes. O arco vem do caule de um arbusto chamado biriba, comum no
Nordeste, que é fácil de envergar.
- Até a abolição da escravatura, a lei punia os
praticantes de capoeira com penas de até 300 açoites e o calabouço. De 1889 a
1937, a capoeira era crime previsto pelo Código Penal. Uma simples demonstração
dava seis meses de cadeia. Em 1937, o presidente Getúlio Vargas foi
ver uma exibição, gostou e acabou com a proibição.
- Após a independência de Portugal, em 1822,
uma das primeiras medidas do governo foi proibir que alunos negros
frequentassem as mesmas escolas que os brancos. Um dos motivos apontados é que
temiam eles pudessem transmitir doenças contagiosas.
- O movimento abolicionista tinha mais de
60 anos quando a Lei Áurea foi assinada, em 1888. Mobilizava muitos
intelectuais da época, como escritores, políticos, juristas, e também a
população de uma forma geral.
- Em 1823, dom Pedro I chegou a redigir
um documento defendendo o fim da escravidão no Brasil, mas a libertação só
ocorreu 65 anos depois.
FONTE: Revista Black Brasil – Esta lista foi extraída e adaptada de
diferentes fontes, como mania de história e guia dos curiosos.
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