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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Capoeira em cena
















Documentário discute história da capoeira no Brasil. O filme, que estreia nesta quarta, no Arquivo Nacional, aborda desde o passado africano à institucionalização do movimento cultural no país


De Belo Horizonte para todo o Brasil, o filme “Paz no mundo Camará: a Capoeira Angola e a volta que o mundo dá”, de Carem Abreu, resgata a história de uma das mais tradicionais manifestações da cultura popular afro-brasileira. A obra, que percorrerá mostras Brasil adentro, é lançada nesta quarta-feira (8), na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
Com mais de 400 anos de legado, a Capoeira Angola passou três quartos de sua existência sendo discriminada e percebida socialmente como uma prática de malandragem. Para o Estado, chegou a ser contravenção e, em 1890, foi associada, por decreto, ao primeiro crime do Código Penal Brasileiro. Hoje, é sinônimo de harmonia, pregando valores fundamentais de solidariedade, igualdade e respeito.
Essa profunda transformação, como é de se esperar, não aconteceu do nada. Para a diretora de "Paz no mundo Camará", ela se deve a políticas públicas e pressões sociais. “Com a Semana de Arte Moderna, em 1922, o governo brasileiro assumiu a posição de criar uma identidade nacional. Então alguns folcloristas, como Câmara Cascudo, começaram a buscar o reconhecimento e a institucionalização da capoeira no país”, explica Abreu, que frisa ainda o importante papel do ex-presidente Getúlio Vargas neste processo. Para ela, seu apoio à descriminalização da atividade foi fundamental.
Movimento cultural
Entendida como a “capoeira de raiz”, a Capeira Angola recebeu esse nome apenas por uma questão de diferenciação. “Ela foi batizada em 1938, para se distinguir daquela que tinha sido criada pelo Mestre Bimba, a luta regional baiana. O que existia antes era a capoeira tradicional, a de raiz, que apenas recebeu um sobrenome”, comenta Carem Abreu.
A diretora Carem Abreu destaca a participação dos mestres de capoeira Manoel, do Centro Esportivo Ypiranga de Pastinha, localizado no Complexo da Maré, no Rio, e João Angoleiro, da Associação Cultural Eu Sou Angoleiro, de Belo Horizonte, que além de ser fonte de pesquisa, coordenou todo o trabalho técnico do filme. A antropóloga Carolina Césari também foi peça crucial para a elaboração do projeto. “Essa é uma pesquisa inédita para contribuir com a memória e preservação da afro-cultura no país”, afirma Abreu. Representantes do Grupo Capoeira Angola-Pelourinho e da Roda Livre de Caxias também deixam suas marcas.O documentário é fruto de uma investigação histórica acerca desta mudança de status da capoeira no Brasil, de atividade de resistência a patrimônio cultural. Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e o Quilombo dos Palmares, em Alagoas, proporcionaram um rico material, com mais de 300 documentos iconográficos, além de 46 entrevistas, entre mestres de Capoeira Angola, pesquisadores e especialistas em cultura popular nacional.

Para a cineasta, o norte das investigações partiu de uma hipótese central: “Dividimos a capoeira em recortes temporais, pensando esta arte não só como um movimento corporal, mas cultural, histórico e social”. Os quatro momentos percorrem seis séculos, do XVI ao XXI e são nomeados, cronologicamente, como “Da Origem à Diáspora”, “Marginalização e Perseguição”, “Folclorização e Institucionalização” e “Globalização e Projetos Sociais”.
Após a exibição do filme, há um debate entre a diretora, os mestres capoeiristas e o público, que poderá, ainda, assistir a apresentação de uma roda ao vivo. A entrada é franca. O Arquivo Nacional fica na Praça da República, 173, Centro, Rio de Janeiro.

FONTE: REVISTA DE HISTÓRIA

Jeans icônico da Levi´s, o modelo 501 completa 140 anos













O jeans 501 da marca Levi's nasceu em 20 de maio de 1873. E, 140 anos depois, ainda é referência em jeans no Brasil, no mundo e já conquistou fãs como presidentes, ícones de moda, músicos e estrela de cinema.
Para comemorar, a marca lançou um vídeo em que conta a história da evolução do design do jeans e suas inúmeras reinvenções pautadas pelos acontecimentos históricos e pela moda das décadas em que passou. Além do vídeo, a marca fará o ‘Livro 501′, em que reunirá fotos enviadas por fãs com suas interpretações de estilo usando uma calça Levi´s 501.
FONTE: ESTADÃO

quinta-feira, 23 de maio de 2013

AGRICULTURA ECOLÓGICA


Agricultura Sustentável e Sistemas
 Ecológicos de Cultivo
 (Agricultura Química x Agricultura Ecológica)

É necessário esclarecer que existem diferenças entre a agricultura tradicional e a agricultura praticada atualmente. Chama-se agricultura tradicional o conjunto de técnicas de cultivo que vem sendo utilizado durante vários séculos pelos camponeses e pelas comunidades indígenas. Estas técnicas priorizam a utilização intensiva dos recursos naturais e da mão-de-obra direta. A agricultura tradicional é praticada em pequenas propriedades e destinada à subsistência da família camponesa ou da comunidade indígena, com a produção de grande variedade de produtos.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial teve início um processo de declínio da agricultura tradicional praticada até então. Na década de 60, começa a ser implantada uma nova agricultura, chamada moderna, que se caracteriza pelo grande uso de insumos externos, utilização de máquinas pesadas, mau manejo do solo, uso de adubação química e biocidas. A agricultura moderna existe há poucos anos e já demonstra o colapso de suas técnicas. Desta forma, não pode ser considerada uma agricultura de fato sustentável, ao contrário da agricultura tradicional, que tem centenas de anos de história e sustentabilidade a longo prazo.

O termo mais adequado para denominar a agricultura praticada atualmente é agricultura moderna, convencional, química ou de consumo. Esta agricultura teve origem a partir de modificações na base técnica da produção agrícola, o que se chamou de modernização, e apresenta conseqüências que demonstram sua insustentabilidade.

O consumo exagerado de insumos externos, ou seja, insumos de fora da propriedade ou de sua região, geralmente são de alto custo e causam a dependência financeira, tecnológica e biológica do produtor. A produção destes insumos não passa pelo produtor e não é influenciada por ele, gerando a dependência financeira e a dominação do fornecedor. Da mesma forma, sua aplicação não é de conhecimento e controle do produtor, de onde vem a dependência tecnológica e, junto com ela, a biológica, no que se refere à manipulação genética e uso de microorganismos.

As sementes tradicionais, que eram selecionadas e utilizadas pelos camponeses ano após ano, estão se perdendo. Hoje, existe apenas uma pequena variedade de plantas em que se consegue obter a mesma produção a cada safra. Em geral, o produtor não consegue mais utilizar a mesma semente, tem que adquirir outras variedades e usar novos insumos. É o que acontece com a semente híbrida, que exemplifica a típica ideologia da agricultura moderna: o consumo permanente. 

Na agricultura moderna, tudo que é produzido de dejetos, efluentes ou resíduos é lixo. Estes subprodutos são depositados na natureza, causando grande impacto ambiental. Esta maneira de pensar consumista é uma concepção muito nova, moderna, destruidora, não-rege­nera­ti­va que reflete a falta de harmonia entre homem e ambiente e a despreocupação com o todo. O mesmo acontece nas cidades. A área onde são construídas as cidades é a mesma em que são colocados os dejetos produzidos por elas. Isto significa o homem poluir a si mesmo.

A utilização de máquinas pesadas também faz parte da ideologia da agricultura moderna. Quanto maiores forem as máquinas, mais tecnologia e status representam. No entanto, estas máquinas têm um alto custo e exigem financiamentos que causam o endividamento do produtor agrícola. Isto não é sustentabilidade. Outro inconveniente do uso de máquinas pesadas é o grande impacto na estrutura do solo e o afastamento do agricultor da terra.

A desestruturação do solo causa a pulverização e compactação da terra. Já o afastamento do agricultor da terra faz com que se perca o contato com a mesma, o diálogo com a natureza e a observação das plantas e animais. Além disto, também possui conseqüências sociais, como a migração do colono para as cidades por causa de financiamentos que acabam comprometendo a propriedade.

O mau manejo e o uso intensivo do solo também provocam desestruturação. Na camada mais superficial, o solo fica desintegrado, pulverizado. Na camada mais profunda, o solo fica compactado pelo uso sistemático de máquinas pesadas. Com o tempo, forma-se uma camada dura e compactada embaixo da terra e uma camada fofa e pulverizada em cima, que, teoricamente, seria o ideal para receber a semente. Estas condições, aliadas à chuva, causam o deslocamento do solo - também chamado de perda de solo anual -, a dificuldade de penetração e fixação das culturas, a dificuldade de trocas químicas, a dificuldade de absorção de água e oxigênio e a intoxicação ou eliminação total da microvida. Este é o custo ambiental da agricultura moderna e do mau manejo do solo.

A adubação química pesada, de alto custo, causa o desequilíbrio fisiológico da planta, o desequilíbrio ecológico do solo e a dependência do agricultor. As plantas possuem um mecanismo de resistência a "pragas" - o termo correto seria "insetos com fome" (Teoria da Trofobiose, de Francis Chaubossou) - que se baseia em seu equilíbrio fisiológico.

As plantas equilibradas não são boas hospedeiras ou bons alimentos para bactérias, fungos, vírus, insetos, nematóides, ácaros. Isto ocorre porque estas plantas apresentam em sua seiva proteínas complexas que não podem ser desdobradas por estes organismos pela falta de enzimas necessárias para a quebra das cadeias de proteínas. Já as plantas desequilibradas por estresse, por aplicação de produtos químicos, por variações de clima, por inadequação da espécie à região, são bons alimentos, pois possuem menor capacidade de metabolização dos aminoácidos livres para transformá-los em proteínas complexas. Desta forma, o inseto dito "praga" tem condições de evoluir, já que os aminoácidos livres são alimento para ele.

O desequilíbrio biológico do solo, causado pela utilização de produtos químicos, afeta microorganismos responsáveis pela disponibilidade de nutrientes importantes para a planta que não consegue absorvê-los através de suas raízes. Desta forma, não existe a colaboração de microorganismos do solo para processamento da matéria orgânica. Esta microvida está sendo sistematicamente eliminada. Além disso, quando o agricultor trabalha com adubação química constante, cria a necessidade cada vez maior de utilização de nutrientes químicos, ocorrendo sua dependência econômica e cultural.

O uso freqüente e intensivo de biocidas (herbicidas, inseticidas, acaricidas, nematicidas, fungicidas) é uma prática de conseqüências bastante graves. Os adeptos da agricultura moderna não gostam deste termo, mas, na verdade, os biocidas são produtos que matam a vida. Alguns matam ervas, insetos, ácaros, mas se o homem entra em contato com estes produtos também acaba morrendo ou tendo doenças como câncer e degenerações genéticas.

O que fica bem caracterizado dentro do modelo de agricultura moderna é a dependência tecnológica e cultural. A cultura agrícola camponesa, tradicional, vai se perdendo com o tempo, principalmente com o desrespeito ao agricultor e a supervalorização do técnico-cientista, que impõe técnicas importadas, desconhecidas pelo agricultor, assim como acontece com os insumos.

A destruição de alimentos, o consumo exagerado, a insustentabilidade a longo prazo e o balanço energético negativo também são características próprias da agricultura moderna. Dentro das estruturas de transformação de alimentos, a perda e a ineficiência do processo são muito grandes. A destruição de alimentos pode ser observada através das questões de mercado, da estocagem, do transporte e da comercialização.

A agricultura moderna, extremamente consumista, não fecha ciclos, não tem a preocupação de reciclar, de regenerar, de fazer com que o produto retorne para a fonte. Isto é observado nos lixões das cidades. O material orgânico não retorna para a agricultura em forma de adubo e o material mineral - latas, vidros - não retorna para a produção. tudo é consumido ou descartado. O não fechamento de ciclos tem um balanço energético negativo. A sociedade moderna consome mais do que produz.

E isto tem reflexos na insustentabilidade da agricultura moderna. Considerando-se a história da humanidade, este novo modelo de agricultura está em prática há um período muito curto. No entanto, já mostra seu colapso. Deve-se perceber este colapso e encontrar caminhos. Um deles é retomar a agricultura tradicional do camponês, conhecer fundamentos e práticas agrícolas já esquecidas e buscar alternativas sustentáveis para a agricultura.

Como alternativa à agricultura moderna amplamente praticada atualmente, a agricultura ecológica começa a se estender no mundo e no Brasil através de diversas correntes que se diferenciam em alguns pontos, mas possuem princípios comuns. Estas tendências têm origem e precursores diferentes, recebem denominações específicas - Orgânica, Biodinâmica, Natural, Permacultura, Alternativa, Nasseriana -, mas possuem o mesmo objetivo: promover mudanças tecnológicas e filosóficas na agricultura.

Agricultura Orgânica: é a mais antiga e tradicional corrente da agricultura ecológica. Teve origem na Índia e foi trazida por acadêmicos franceses e ingleses, ainda hoje influenciando a sua sistemática de trabalho. A agricultura orgânica é baseada na compostagem de matéria orgânica, com a utilização de microorganismos eficientes para processamento mais rápido do composto; na adubação exclusivamente orgânica, com reciclagem de nutrientes no solo; e na rotação de culturas. Os animais não são utilizados na produção agrícola, a não ser como tração dos implementos e como produtores e recicladores de esterco.

Agricultura Biodinâmica Originária da Alemanha, é baseada no trabalho de Rudolf Steiner. As principais características, além da compostagem, é a utilização de "preparados" homeopáticos ou biodinâmicos, elementos fundamentais na produção que são utilizados para fortalecimento da planta, deixando-a resistente a determinadas bactérias e fungos, e do solo, ativando sua microvida. Os animais são integrados na lavoura para aproveitamento de alimentos, ou seja, aquilo que o animal tira da propriedade volta para a terra. A importação de adubo orgânico não é permitida, pois materiais orgânicos de fora da propriedade ou da região não são adequados por não possuírem a bioquímica, a energia ou a vibração adequada à cultura. Existe a preocupação com o paisagismo, com a arquitetura e com a captação da energia cósmica. A agricultura biodinâmica está baseada na Antroposofia, que prega a importância de conhecer a influência dos astros sobre todas as coisas que acontecem na superfície da terra.

Agricultura Natural: Com origem no Japão, a principal divulgadora desta corrente de trabalho ecológico é a Mokiti Okada Association (MOA). Além da compostagem, utilizam microorganismos eficientes que têm capacidade de processar e desenvolver matéria orgânica útil. Utilizam a adaptação da planta ao solo e do solo à planta. Este é o primeiro passo para a manipulação genética e, conseqüentemente, para a dominação tecnológica, característica semelhante à agricultura moderna, não sendo bem aceita por outras correntes da agricultura ecológica.

Permacultura: Tem origem na Austrália e no Japão e segue o pensamento de Bill Mollison. As principais características são os sistemas de cultivo (sistemas agro-silvo-pastoris) e os extratos múltiplos de culturas. Utilizam a compostagem, ciclos fechados de nutrientes, integração de animais aos sistemas, paisagismo e arquitetura integrados. Na Permacultura não existem tecnologias adequadas ou próprias, mas sim "tecnologias apropriadas". A comunidade tem determinada importância, deve ser auto-sustentável e auto-suficiente, produzindo seus alimentos, implementos e serviços sem a existência de capital. A comercialização deve ser feita através da troca de produtos e serviços.

Agricultura Alternativa: Seus precursores no Brasil foram Ana Primavesi, José Lutzenberger, Sebastião Pinheiro, Pinheiro Machado e Maria José Guazelli. Os princípios desta corrente são a compostagem, adubação orgânica e mineral de baixa solubilidade. Dentro da linha alternativa, o equilíbrio nutricional da planta é fundamental. Aparece, então, o conceito de Trofobiose, que considera a fisiologia da planta em relação à sua resistência a "pragas" e "doenças". Outra característica é o uso de sistemas agrícolas regenerativos, e daí surgiu a agricultura regenerativa, termo defendido por José Lutzenberger. Outras pessoas dentro desta mesma tendência adotaram o termo agroecologia (Miguel Altieri) que possui um cunho político e social. A agroecologia prioriza não só a produção do alimento, mas também o processamento e a comercialização. Esta linha também se preocupa com questões sociais como a luta pela terra, fixação do homem ao campo e reforma agrária.

Nasseriana: É a mais nova corrente da agricultura ecológica e tem como base a experiência de Nasser Youssef Nasr no Estado do Espírito Santo. Também chamada de biotecnologia tropical, defende o estímulo e manejo de ervas nativas e exóticas, a multidiversidade de insetos e plantas, a aplicação direta de estercos e resíduos orgânicos na base das plantas, adubações orgânicas e minerais pesadas. Nasser diz que a agricultura de clima tropical do Brasil não precisa de compostagem, pois o clima quente e as reações fisiológicas e bioquímicas intensas garantem a transformação no solo da matéria orgânica. No Brasil, defende Nasser, o esterco deve ser colocado diretamente na planta, pois esta sabe o momento apropriado de lançar suas radículas na matéria orgânica que está em decomposição, e os microorganismos do solo buscam no esterco os nutrientes necessários para a planta e os levam para baixo da terra. Outro ponto interessante é o uso de ervas nativas e exóticas junto com a cultura para que haja diversidade de inços. Desta forma, é preciso manejar as ervas nativas de maneira que elas mantenham o solo protegido e façam adubação verde. Não temos uma agricultura de solo, mas de sol.

Todas estas diversas correntes e tendências dentro da agricultura ecológica concordam que a agricultura sustentável precisa de alguns princípios básicos para se implantar como tal. O primordial seria o respeito, a observação e o diálogo com a natureza. Um verdadeiro camponês, agricultor, agrônomo ou técnico agrícola deve ter a capacidade de perceber e de entender o que está acontecendo com a planta e com o animal. Isto resulta no uso da natureza a favor da cultura.

Também é importante o aproveitamento de recursos naturais renováveis, a reciclagem de lixo orgânico e de resíduos, a adubação orgânica e a humidificação do solo, a adubação mineral pouco solúvel, o uso de defensivos naturais, o controle biológico e mecânico de insetos e ervas, a permanente cobertura do solo e a adubação verde.

Outras técnicas comuns são a diversificação dos cultivos e dos animais, a consorciação e a rotação de culturas e a não-utilização de agrotóxicos, adubos químicos solúveis e hormônios vegetais ou animais. Com relação a defensivos naturais, alguns são tolerados pela agricultura ecológica. Nenhuma corrente recomenda produtos para controle de insetos, ácaros ou fungos, mas existe a possibilidade de usar extratos e caldas vegetais - piretro, nicotina, retonona, sabadilha -, pó de enxofre, calda bordalesa e sulfocálcica, sulfato de zinco, permanganato de potássio. Estes produtos são usados com pouco ou menor impacto ambiental. Soluções de óleo mineral, querosene e sabão são produtos que podem ser usados, pois não são intoxicantes ou impactantes do meio ambiente.

FONTE:agrisustentavel /  Luis Fernando Wolff- engenheiro-agrônomo

Religiões africanas à mercê da intolerância


Mais da metade das casas de umbanda 
ou candomblé do estado já sofreu
 algum tipo de discriminação

Para o agente de saúde Luiz Paulo, de 26 anos, havia chegado a hora de um passo importante no candomblé. Decidiu fazer o santo, rito que significa nascer para o orixá. Por três meses, tinha de vestir apenas roupas brancas e manter a cabeça coberta. Mas encontrou no trabalho, uma clínica da família do Rio, os obstáculos. Sua gerente o proibiu de cumprir seu preceito e exigia que ele usasse seu uniforme. Luiz Paulo tentou negociar: propôs que usasse um boné branco, reduzindo ao máximo seus paramentos religiosos. Vieram sucessivas recusas. Enquanto isso, a gerente, evangélica, reunia sua equipe para orações, dizendo que o clima no grupo estava “pesado”. Pouco tempo depois, Luiz Paulo foi demitido. Resultado, acredita ele, de discriminação religiosa e homofóbica, uma vez que também diz ter sofrido preconceito por ser gay.


Tratado como ovelha negra no trabalho

No Rio de dezenas de credos, que receberá o Papa Francisco em julho, durante a Jornada Mundial da Juventude, casos como o de Luiz Paulo ainda são frequentes. E atingem sobremaneira seguidores de religiões como candomblé e umbanda, como revela o Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana do Estado do Rio, feito pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente (Nirema) da PUC-Rio. Das 847 casas pesquisadas desde 2008, mais da metade (430 delas) relatou episódios de intolerância religiosa contra seus centros ou seguidores nos últimos anos (o levantamento completo será apresentado em novembro, no livro “A presença do axé”).

Realidade corroborada por um relatório do recém-criado Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos (Ceplir, fundado em janeiro e ligado à Superintendência estadual de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos), que chegou à conclusão de que, de janeiro a maio deste ano, foi o candomblé o segmento religioso mais vulnerável à violação de seus direitos no estado.

— Antes de ser demitido, eu era tratado como a ovelha negra da minha equipe. Os problemas se agravaram quando decidi fazer o santo. Nem minhas guias eu podia usar aparentes. Tinha de camuflá-las. Foram meses trabalhando sob pressão e olhares tortos — afirma o agente de saúde Luiz Paulo, uma das 38 pessoas que já procuraram o Ceplir, onde 10,53% dos atendimentos foram para adeptos do candomblé que buscavam orientações sobre seus direitos ou foram vítimas de intolerância religiosa no ambiente de trabalho, familiar ou na vizinhança.

Uma das mais respeitadas e conhecidas ialorixás do candomblé no Rio, Mãe Meninazinha de Oxum conta que um grupo já tentou invadir seu terreiro, em São João de Meriti, para “tirar o demônio” dali. Relata que constantemente sua caixa de correio aparece repleta de panfletos de igrejas evangélicas. Ao andar pelas ruas com suas vestimentas tradicionais, é repetidas vezes abordada por pessoas tentando convertê-la a outras religiões.

— Como todos no candomblé e na umbanda, sofremos principalmente com agressões verbais. Mas também há relatos de agressões físicas. São filhos de santo impedidos de usar seus colares, crianças agredidas nas escolas, casas invadidas... — conta Mãe Meninazinha, que comanda o terreiro Ilê Omolu Oxum desde 1968.

Em 2009, o terreiro de umbanda Centro Espírita Vovô Cipriano de Aruanda, em Caxias, teve o altar, as paredes de quartos de santo e vários objetos religiosos quebrados com uma marreta por um homem. Um ano antes, jovens invadiram e depredaram o Centro Cruz de Oxalá, no Catete. Já no barracão do sacerdote Alexandre Nunes Feijó, no Largo do Pechincha, na Zona Oeste, ele conta que voltava do Mercadão de Madureira, quando encontrou a frente de seu terreiro cercada por um grupo de parentes de um adolescente de 14 anos que fazia sua iniciação no candomblé — quando há um período de reclusão de duas a três semanas.

— A mãe, filha de santo, tinha autorizado. Também era uma vontade do menino. Cheguei, expliquei o que estava acontecendo, mas não houve conversa. Eles me acusaram de cárcere privado e chamaram a polícia — diz Alexandre.

A polícia também já foi chamada algumas vezes por vizinhos do Templo A Caminho da Paz, conta Amélia Martins, diretora de estudos do centro, no Cachambi. Todas as vezes, foram reclamações sobre o barulho. Só um dos muitos exemplos, segundo ela, de resistência à religião, que tem suas origens no Estado do Rio e cujo primeiro templo foi a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, de 1908, em São Gonçalo.

— Existe uma guerra silenciosa contra a umbanda. Isso tem feito alguns terreiros desaparecerem — afirma Amélia, revelando outra consequência da discriminação. — Muitos de nossos médiuns, por receio, escondem a religião no trabalho, no ambiente escolar e até mesmo familiar.

Sem coragem de contar para a mãe
É o caso do jovem Rodrigo D’Oxum, de 26 anos, frequentador do Centro Espírita Cabana das Almas, em Nova Iguaçu. Aos 18 anos, ele ingressou na umbanda. Mas ainda hoje não contou à família, cuja mãe, é “católica fervorosa”.

— Quando decidi pela umbanda, ainda morava com ela. E tenho certeza de que se criaria uma situação muito chata em casa — diz Rodrigo, que conta ainda ter medo de ser agredido ao fazer trabalhos em encruzilhadas à noite.


O GLOBO | FONTES: CEPLIR E NÚCLEO
 INTERDISCIPLINAR DE REFLEXÃO E 
MEMÓRIA AFRODESCENDENTE, DA PUC-RIO

Cerca de 80% dos ataques contra religiões de matriz africana acontecem em ruas e parques. A professora do Departamento de Ciência Social da PUC-Rio e coordenadora geral do Nirema, Sonia Giacomino, destaca que, na maior parte dos casos, os adeptos dessas religiões são os alvos. Mas há também casos de terreiros apedrejados. Mais de 80% dos agressores, ainda segundo o mapeamento, são vizinhos dos centros e grupos evangélicos. Mas Sonia alerta que não se pode generalizar, porque eles não representam o conjunto dos evangélicos.

Superintendente estadual de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, órgão ligado à Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Cláudio Nascimento observa ainda que a discriminação atinge outros grupos:

— Há, por exemplo, crianças muçulmanas perseguidas dentro da escola. Ou perseguição a integrantes de movimentos agnóstico e ateísta.

O Ceplir faz atendimento inicial pelo telefone 2334-9550 ou em sua sede, na Central do Brasil. Um grupo de 20 pessoas de credos diferentes trabalha agora em propostas de políticas públicas contra a intolerância religiosa. No dia 30 de maio, será apresentado à consulta pública o Plano Estadual de Enfrentamento da Intolerância Religiosa, o primeiro em âmbito estadual no país.

FONTE: O GLOBO

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Olmecas: América Profunda





Precursores de maias e astecas, os olmecas criaram a primeira civilização do novo mundo. Seu poder se estendeu por toda a América Central e durou de 1700 a 100 a.C.

Eles deslizam por rios caudalosos em balsas feitas de grossas estacas de madeira enladeados pela densa floresta tropical da América Central, exuberante naqueles longínquos anos de 1 700 a.C.. Conhecem muito bem esses caminhos, pelos quais transportam produtos agrícolas que alimentam um conjunto de povoados que não por acaso se distribuem às margens dessas estradas de água. Mas, dessa vez, não levam abóboras ou feijão: sua carga é muito mais preciosa.

E pesada. As imensas cabeças de pedra podem chegar a 10 toneladas. As imagens sagradas são lapidadas a partir de imensos blocos de rocha basáltica, extraídas de montanhas a 100 quilômetros rio acima e graças ao esforço desses quase 2 mil homens são transportadas para seu local de adoração. Elas são as imagens mais conhecidas do povo olmeca, uma civilização dedicada à agricultura e ao comércio, que prosperou em torno de um núcleo de cidades como La Venta, San Lorenzo, Tres Zapotes e Laguna de los Cerros.

Os olmecas, a mais antiga civilização da América, ocuparam uma área relativamente restrita de 18 mil quilômetros quadrados, no que hoje corresponde ao sul do México, nos estados de Veracruz e Tabasco. Sua vasta rede comercial e traços de sua influência, no entanto, porém, podem ser notados em outras regiões, como Michoacán, Oaxaca, Morelos, Guerrero, Chiapas e, ainda mais longe, na Guatemala e em El Salvador, onde foram encontrados objetos como estatuetas de jade e potes de cerâmica. São esses achados, além das grandes cabeças de pedra, que estão revelando ao mundo os conhecimentos olmecas acerca dos astros e da agricultura e provando que sua arte, linguagem e religião influenciaram os povos que prosperaram depois deles e que ficaram muito mais famosos, como maias e astecas. Eles estão reescrevendo a história dos olmecas, o povo jaguar da América.

Homens de negócio
A civilização olmeca surgiu em uma região com altos índices pluviométricos. Uma parte das terras é montanhosa e outra pantaneira. Entre elas, uma estreita faixa de cerrado. O limo fértil depositado pelos rios – como o San Juan, Papaloapan e Grijalva – durante as enchentes atraiu e propiciou a fixação de vários grupos humanos que praticavam a agricultura.

Os primeiros vestígios desses agrupamentos foram descobertos por volta de 1930. Na época, as linhas principais da antropologia achava improvável que povos sofisticados pudessem se desenvolver em regiões quentes e úmidas ou no meio de florestas. Isso fez com que surgissem teorias que atribuíam aos olmecas um antepassado estrangeiro, extra-americano.
Essas idéias ficaram para trás e hoje se sabe que os olmecas, como alguns índios brasileiros, venceram a floresta, o clima e a topografia e conseguiram criar uma economia capaz de suster populações volumosas. Calcula-se que no seu máximo esplendor, entre 900 e 400 a.C. as cidades olmecas chegaram a abrigar cerca de 350 mil indivíduos. Usando técnicas de roça ou coivara, eles plantavam milho, feijão, abóboras e chile (pimenta muito apreciada na região, ainda nos dias de hoje). As estimativas dos arqueólogos apontam que um quilômetro quadrado cultivado poderia sustentar até 60 pessoas. Para completar a dispensa, eles coletavam frutas e tubérculos silvestres e caçavam veados, pecaris (uma espécie de porco-do-mato), antas e outros mamíferos, além da pesca nos rios. Não existe prova de que criassem animais.

O excedente de produção agrícola foi a base para criar uma sociedade hierarquizada de sofisticada organização política e social voltada para as práticas comerciais e com tempo livre para atividades artísticas. O intenso comércio de produtos agrícolas, logo evoluiu para transações com jade, obsidiana, turquesa e outras pedras preciosas e semipreciosas. Peles, penas de aves, copal (uma resina que serve para fazer incenso, vernizes e corantes) e cacau em pó também tinham grande valor de troca.

O antropólogo Miguel Rivera Dorado, da Universidade Complutense de Madri, Espanha, afirma que a atividade comercial tinha uma importância tão grande entre os olmecas que era regulada pelos reis, que controlavam as principais rotas e cobravam tributos. “Os mercadores eram também soldados e suas caravanas eram escoltadas por guerreiros que protegiam os viajantes e a carga”, diz.

De acordo com o especialista, a divisão do trabalho propiciada pelos excedentes na produção causaram a migração das populações para as cidades e o aparecimento de escultores, tecelões, lapidadores e construtores, além das castas sacerdotais, soldados e funcionários reais. “Tudo isso possibilitou aos olmecas criarem a primeira experiência de integração entre regiões isoladas na AméricaCentral”, diz Miguel.

Esse contato foi o terreno fértil onde nasceriam ricas e supreendentes inovações. No ano passado, a arqueóloga Mary Pohl, da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos, descobriu em San Andrés, o vestígio de escrita mais antiga do continente. Datado de 650 a.C., o sistema de símbolos olmecas tem elementos comuns com a escrita maia. “Signos e formas aparecem, séculos depois, entre os maias”, diz Mary Pohl.

Outros aspectos da cultura olmeca se repetiram entre os povos da Mesoamérica. O “jogo de bola” pré-colombiano, por exemplo, que apareceria depois entre maias e astecas provavelmente teve sua origem entre os olmecas. Perto de San Lorenzo, foram descobertas, em 1994, as mais antigas bolas de “hule”, uma espécie de borracha natural e em La Venta foram descobertas antigas quadras para a prática desse esporte em que a bola só podia ser rebatida com o corpo, sem o uso das mãos e o objetivo era fazer com que ela ultrapassasse determinada linha. A equipe formada por sete guerreiros dava a vida para garantir o resultado, literalmente. O time perdedor era sacrificado.

Cabeções
Uma das imagens mais conhecidas da civilização olmeca são as colossais cabeças humanas talhadas em pedra vulcânica. Até hoje já foram encontradas dezessete. O seu peso varia de 6 a 50 toneladas, sendo que a menor tem 1,47 metro de altura e a maior 3,40 metros. Segundo Fernando Bustamante Rábago, diretor do Museu Regional Tuxteco, México, as pedras vulcânicas eram recolhidas e esculpidas nas terras altas na região de San Andrés, de onde eram levadas para as margens dos rios, para então, por balsa rumare a seus destinos. Até La Venta, por exemplo, as esculturas viajaram mais de 100 quilômetros de distância.

Mas quem elas representam? A maioria dos especialistas acredita que sejam retratos de soberanos olmecas e os elmos que ostentam seriam símbolos de distinção hierárquica. No entanto, há outras teorias. “Quando a primeira cabeça foi encontrada, no começo do século 19, na região dos Tuxtlas, os arqueólogos pensaram tratar-se de um rosto africano”, diz Fernando. Isso alimentou histórias muito comuns na época de que a América já havia recebido migrações a partir da África.

Segundo Mario Navarrete Hernández, arqueólogo do Instituto de Antropologia da Universidade Veracruzana, no México, esse continua sendo um mistério, já que “muitas estátuas possuem traços negróides inequívocos”, diz. Para Fernando Rábago, no entanto, não há mistério. “As cabeças devem representar deuses ou entidades supraterrenais e sua aparência corresponde à imagem que eles faziam desses seres.”

Algumas cabeças de La Venta e San Lorenzo estavam alinhadas entre si e com os pontos cardeais, sugerindo uma orientação astronômica. Isso não é algo inusual entre os povos pré-colombianos, que realizavam monumentos e edifícios integrados às funções rituais e astronômicas.

Outro símbolo da cultura olmeca é o culto ao jaguar. “Era uma espécie de animal totêmico”, diz Jorge Priego Martínez, diretor do Instituto de Cultura de Tabasco. Para o especialista, os rostos das estátuas que mostram manchas na pele, dentes de felino, orelhas, focinho e outros elementos inconfundíveis do animal mesclados com o ser humano são traços distintivos dos olmecas. “Eles acreditavam que o jaguar fosse o ancestral deles”, afirma.

Em San Lorenzo, o arqueólogo americano, Michael D. Coe, encontrou, na década de 1970, outro vestígio importante para entender a complexidade da civilização olmeca. A região é formada por terras baixas quase que permanentemente inundadas. Ali, os olmecas construíram aterros que se elevam até 50 metros acima do nível da planície. Em várias dessas estruturas, que devem ter abrigados núcleos urbanos e hoje estão cobertas por uma espessa vegetação de cerrado, foram escavados canais subterrâneos feitos com pedras em forma de “U” perfeitamente acoplados. Descobriu-se que eram aquedutos que proporcionavam água potável para a população. Com o auxílio de um magnetômetro, o arqueólogo descobriu que haviam 35 monumentos enterrados. Porém, na época, nenhum foi escavado.

Foi apenas entre 1990 e 1996 que as pesquisas em San Lorenzo avançaram com o projeto desenvolvido pela arqueológa Ann Cyphers Tomic, do Instituto de Pesquisas Antropológicas da Universidade Nacional do México. Em 1994, ela descobriu uma cabeça de pedra com 1,80 metro de altura que, segundo ela, lembrava a de um jogador de rúgbi de traços negróides. “De lá para cá, localizamos mais de 40 monumentos e artefatos datados por carbono radioativo como sendo de 1700 a.C., os mais antigos do mundo olmeca”, diz Ann Cyphers. A equipe também encontrou em San Lorenzo cinco esculturas monumentais, edifícios cerimoniais, moradias de pedra e choças. Os primeiros eram, na verdade, plataformas de terra sobre as quais se construíram recintos de barro. Na pequena vila moravam cerca de 2 500 pessoas. Entre 900 e 950 a.C. alguma coisa aconteceu em San Lorenzo: estátuas foram mutiladas e o povo abandonou suas casas, assim como os soberanos e os sacerdotes fugiram de seus palácios e templos.

Em meio a uma enorme planície atualmente coberta por palmeiras e arbustos, em outro platô aterrado com cerca de 4,5 quilômetros de comprimento ficava o centro do império olmeca: La Venta. Toneladas e mais toneladas de terra e sedimentos foram necessários para elevar o nível do solo. Ali, eles erigiram uma pirâmide com 32 metros de altura, formada por várias camadas de argila colorida, comprimida e amparada por lajotas de pedra calcária. Na base da construção haviam seis esculturas, entre elas estelas com mais de 4 metros de altura magnificamente talhadas com imagens de soberanos ou deuses enfeitados com penas e peles de jaguar. La Venta era um local sagrado. Além de quatro cabeças colossais todo o local estava repleto de estátuas esculpidas entre 900 e 400 anos a.C. e de objetos relacionados a cultos religiosos.

Ao redor da pirâmide e da praça de cerimônias foram construídas casas de barro. Os antigos habitantes de La Venta fizeram um mausoléu para seus soberanos, erigido com colunas de basalto sobre mosaicos feitos com pedrinhas azuis que formam um desenho abstrato. Na tumba foram encontrados vários objetos rituais, entre eles 200 machadinhas de jade extremamente afiadas, provavelmente utilizadas para sacrifícios. Havia também um sarcófago de arenito na forma de um jacaré sobrenatural.

Neste mesmo local foi descoberto um dos maiores tesouros olmecas: 16 estatuetas de seres antropomorfos de jade e arenito dispostas em semicírculo. O detalhe mais particular é o formato deformado e alongado da cabeça. Tais deformações eram resultado da compressão do crânio de bebês e crianças por meio de tábuas fortemente amarradas e tinham uma função apenas estética.

Outras estátuas mostram crianças mortas sobre os braços de sacerdotes. Os rituais de sacrifícios humanos ainda são um mistério e um tabu, mesmo para os cientistas. Sabe-se, no entanto, que os indícios de sacrifícios se concentram no período por volta dos 400 a.C. , quando o Império Olmeca estava perto do fim.

Nessa época, os moradores de La Venta abandonavam sistematicamente a cidade. No entanto, Mary Pohl, não acredita que tenha havido um colapso da civilização, ou alguma catástrofe que tenha colocado a vida dos olmecas em perigo. Para ela, mudança nos cursos de água podem ter obrigado a população a migrar para longe.

Durante o processo, eles perderam sua unidade como nação e sua identidade como povo, misturando-se a outros grupos, perto de 200 a.C., quando desaparecem os últimos vestígios dos olmecas. O médico brasileiro, Djalma Sayao Lobato, que pesquisa a cultura olmeca desde a década de 1970 e é autor do livro Olmecas. Fascínio e Mistério da Civilização-Mãe da Mesoamérica, tem outra tese. Para ele, o povo olmeca deve ter desaparecido por um processo endogâmico: por razões políticas ou religiosas eles não se cruzavam com outros povos. Isto poderia ter gerado um excesso de casos de malformações genéticas e o aumento da mortalidade infantil, o que explicaria o desaparecimento dos olmecas em uma época mais ou menos uniforme.

Veias abertas
De 1700 a 1200 a.C
Os primeiros sinais da ocupação olmeca surgem na região de Tabasco e Veracruz (ver mapa na página 29). São vestígios de vida sedentária, como entre plantações de milho e frutas. A cerâmica dessa fase é típica de agricultores e pescadores que habitavam o litoral do Pacífico, de Chiapas à Guatemala. Pesquisas mais recentes identificaram a chegada de fluxos migratórios vindos do Equador, por via marítima que podem estar ligados à origem dos olmecas

De 1200 a 400 a.C
A população se concentra em grandes núcleos urbanos: San Lorenzo, que atingiu seu explendor entre 1200 e 900 a.C., e La Venta, que entre 900 e 400 a.C., edificou as mais avançadas obras arquitetônicas e artísticas das Américas, até então. O império atinge sua máxima expansão territorial. Através do comércio ou do controle militar, os olmecas exercem sua influência em regiões em Honduras, El Salvador e na Guatemala

De 400 a 100 a.C
Os olmecas abandonam suas cidades e sua cultura. Os registros encontrados em Tres Zapotes já demostram a absorção pelas culturas maia e zapoteca. Desse período é a estela “C”, um calendário de pedra conhecido como “série inicial”. Decifrado utilizando-se a linguagem dos maias, ele revelou a data mais antiga registrada nas Américas: o equivalente ao ano 31 a.C., no nosso calendário

FONTE: AVENTURAS NA HISTÓRIA

LÁGRIMAS E SUOR, DILUÌNDO SAL E AÇUCAR...

















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“Prós e Contras”

Este é sem dúvida o vídeo mais partilhado no Facebook durante o dia de hoje. O momento polémico aconteceu no programa “Prós e Contras” da RTP, quando o jovem empreendedor português Martim Neves, de apenas 16 anos, foi convidado a falar da marca de roupa que o próprio criou, a “Over It”. A certa altura, foi interrompido pela Dr.ª Raquel Varela, que começa a questionar o jovem acerca do fabrico das peças.
Se ainda não viste confere a resposta do grande Martim!

Especial: flagrantes de trabalho escravo na indústria têxtil no Brasil












A Repórter Brasil acompanha as fiscalizações realizadas no setor das confecções desde 2009, quando foi lançado o Pacto Municipal Tripartite Contra a Fraude e a Precarização e pelo Emprego e Trabalho Decente em São Paulo, do qual a Repórter Brasil é signatária.


Confira os principais casos já 
divulgados durante os 
últimos quatro anos.

Fiscalização realizada no dia 19 de março resultou na libertação de 28 costureiros bolivianos de condições análogas às de escravos em uma oficina clandestina na zona leste de São Paulo. Submetidos a condições degradantes, jornadas exaustivas e servidão por dívida, eles produziam peças para a empresa GEP, que é formada pelas marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli, e que pertence ao grupo que representa a grife internacional GAP no Brasil. O resgate foi resultado de uma investigação de mais de dois meses, na qual trabalharam juntos Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Receita Federal. A fiscalização aconteceu na mesma semana que a São Paulo Fashion Week, principal evento de moda da capital paulista.
Trabalhadores em condições análogas às de escravos foram resgatados produzindo peças da Gangster Surf and Skate Wear, confecção paulistana que tem como público-alvo surfistas, skatistas e praticantes de outros esportes radicais. A libertaçãoa conteceu em 19 de março, durante fiscalização em uma pequena oficina localizada no bairro São João, em Guarulhos (SP), onde trabalhavam dois bolivianos e um peruano. Toda a produção da oficina era destinada à Gangster, loja do bairro do Brás, região central da capital paulista.

A Hippychick Moda Infantil, confecção de roupas infantis que, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), terceirizava sua produção para uma oficina de costura flagrada explorando trabalho escravo, tinha desde outubro de 2012 o selo da Associação Brasileira do Vestuário Têxtil (ABVTEX) de responsabilidade social. Após a libertação de cinco trabalhadores bolivianos, em 22 de janeiro de 2013, o MTE e o Ministério Público do Trabalho (MPT), que também participou da operação, investigam a responsabilidade das Lojas Americanas na exploração de mão de obra escrava. Segundo o MPT, a suspeita é de que as peças produzidas pela oficina terceirizada eram revendidas exclusivamente nas Lojas Americanas com a marca “Basic+ Kids”.
Um grupo de oito pessoas vindas da Bolívia, incluindo um adolescente de 17 anos, foi resgatado de condições análogas à escravidão pela fiscalização dedicada ao combate desse tipo de crime em áreas urbanas. A libertação ocorreu no último dia 19 de junho. Além dos indícios de tráfico de pessoas, as vítimas eram submetidas a jornadas exaustivas, à servidão por dívida, ao cerceamento de liberdade de ir e vir e a condições de trabalho degradantes. O grupo costurava para a marca coreana Talita Kume, cuja sede fica no bairro do Bom Retiro, na zona central da capital. 
No mesmo dia em que a grife de roupas femininas Gregory lançava a sua coleção Outono-Inverno 2012 com pompa e circunstância, uma equipe de fiscalização trabalhista flagrava situação de cerceamento de liberdade, servidão por dívida, jornada exaustiva, ambiente degradante de trabalho e indícios de tráfico de pessoas em uma oficina que produzia peças para a marca, na Zona Norte da cidade da capital paulista. O conjunto de inspeções resultou na libertação de 23 pessoas, todas elas estrangeiras de nacionalidade boliviana, que estavam sendo submetidas à condições análogas à escravidão.


Confira a série especial de reportagens publicadas sobre o flagrante de trabalho escravo na cadeia produtiva da grife de moda Zara, da empresa espanhola Inditex. A Repórter Brasilacompanhou as investigações do Ministério do Trabalho e Emprego e as fiscalizações in loco e trouxe o caso à tona, que ganhou repercussão internacional.

Caso Collins – maio 2011
A Defensoria Pública da União em São Paulo (DPU/SP) ajuizou ação civil pública contra a empresa de vestuário Collins, envolvida em flagrante de trabalho análogo à escravidão em agosto de 2010. Trata-se da primeira ação coletiva apresentada pelo órgão ao Judiciário trabalhista. “Por falta de defensores, não há como atuarmos também na Justiça do Trabalho. Contudo, quando há uma relação com questões de direitos humanos, como é o caso do tráfico internacional e do trabalho escravo, nós atuamos”, observa Marcus Vinícius Rodrigues Lima, do Oficio de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da DPU/SP, que moveu a ação.


A casa branca, localizada em uma rua tranquila da Zona Norte da capital paulista, não levantava suspeita. Dentro dela, no entanto, 16 pessoas vindas da Bolívia viviam e eram explorados em condições de escravidão contemporânea na fabricação de roupas. O grupo costurava blusas da coleção Outono-Inverno da Argonaut, marca jovem da tradicional Pernambucanas, no momento em que auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) chegaram ao local. A marca este envolvida em dois flagrantes: um em março de 2011 e outro em setembro de 2010. 



Fiscalização encontrou duas bolivianas em condição de trabalho escravo no meio urbano e providenciou abrigo às vítimas. Submetidas a uma rotina de violências físicas e morais, elas costuraram exclusivamente para a marca 775.


Vencedora da licitação dos 230 mil coletes deixou quase toda a produção (99,12%) para terceiros. Um deles, que não tinha nem registro básico, repassou parte da demanda para oficina que mantinha trabalho escravo.


Etapas do processo desde o aliciamento até as lojas do magazine foram apuradas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP), que aplicou 43 autos de infração, com passivo total de R$ 633,6 mil.

FONTE: REPÓRTER BRASIL